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alimentos mais completos



alimentos completos


Os mais variados produtos enriquecidos já estão nas prateleiras. Eles têm doses extras de vitaminas, minerais, fibras e ácidos graxos, que vão revolucionar a sua alimentação.

            Mas é preciso consumi-los na quantia adequada
Vitaminado. Enriquecido com ferro. Mais vitaminas e sais minerais. Rico em fibras. Não há como negar que todos esses apelos, sempre em destaque nas embalagens alimentícias, chamam a nossa atenção. "Os consumidores são atraídos por essas palavras nos rótulos, uma vez que a preocupação com a qualidade da alimentação cresceu nos últimos anos", atesta a nutricionista Raquel Maia Chaves, da Sprim Brasil, do Rio de Janeiro. Aumentar o poder nutritivo dos alimentos industrializados é, portanto, a mais forte tendência do momento. Para se ter idéia, nos Estados Unidos, esse mercado movimenta cerca de 15 bilhões de dólares por ano. No Brasil, ainda não existem números exatos, mas pela quantidade de novos produtos do gênero que chegam aos supermercados, constantemente, por aqui o volume também é grande.

Segundo a nutricionista, esse movimento pelo bem-estar começou nos anos 60, quando surgiram os primeiros estudos que apontavam que gordura e açúcar em excesso podem prejudicar a saúde. A partir daí, a corrida da indústria alimentícia para desenvolver produtos mais saudáveis avançou consideravelmente. "O caminho, hoje, é tentar aumentar, o mais possível, o valor nutricional dos alimentos", explica Raquel Chaves.

Universidades e centros acadêmicos, em todo o mundo, também enxergam nessa tecnologia a chance de suprir deficiências nutricionais encontradas na população. "O departamento de Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte conseguiu fazer um pão enriquecido com ômega 3, nutriente encontrado principalmente nos peixes, que foi oferecido para pessoas com altas taxas de triglicéride e colesterol no sangue. O desafio maior era obter um alimento sem gosto e sem cheiro de peixe para não agredir o paladar. O resultado foi satisfatório: o produto foi bem aceito e os índices de triglicéride e colesterol que estavam elevados foram reduzidos", diz a endocrinologista e nutróloga Valéria Goulart, de São Paulo.

No entanto, o que vemos por aí agora são salgadinhos, biscoitos, cereais matinais, gelatinas, farinhas e até balas e água em versões fortificadas. Mas, afinal, esses produtos industrializados carregam mesmo quantidades suficientes de nutrientes para fazer bem à saúde? Aliás, podem ser consumidos à vontade? Substituiriam os alimentos naturais?

O SEGREDO DO RÓTULO
Em primeiro lugar, o consumo saudável começa com a observação das palavras - geralmente miudinhas - no rótulo da embalagem. É na hora da compra que é preciso colocar "uma lente de aumento" sobre essas informações. Ali você poderá fazer sua própria avaliação. Se por um lado, determinado produto fornece doses de vitaminas e sais minerais, por outro, muitas vezes, ele apresenta altos índices de gorduras, açúcares e sódio, que podem levar a problemas como obesidade e diabetes e, no caso do sódio, há uma sobrecarga dos rins.

ENTENDA OS ENRIQUECIDOENTENDA OS ENRIQUECIDOS
O produto enriquecido ou fortificado oferece acréscimo real do nutriente apontado. No caso brasileiro, deve corresponder, para alimentos sólidos, a 30% das necessidades diárias daquele nutriente, em cada 100 g. Para produtos líquidos, esse valor é de 15% para cada 100 ml. Caso o produto não atinja esse índice, mas forneça metade dele, então o rótulo só poderá informar que ele é fonte de determinado nutriente ou somente que o contém em sua composição.

Traduzindo: "os enriquecidos são os que contêm a maior quantidade de determinado nutriente, seguidos dos que são fonte dele e depois pelos que apenas têm a substância", explica a nutricionista Maria Pia Costa.

"Assim, se seu filho tem deficiência de cálcio na alimentação, prefira os produtos enriquecidos com o mineral. Aquele que apenas contém esse nutriente, não produzirá resultados no equilíbrio da dieta", completa a especialista Gabriella Guerrero Pereira.

Segundo a Anvisa, os alimentos enriquecidos de vitaminas ou sais minerais, para que possam ser chamados assim, devem fornecer na porção média diária ingerida (para adulto em estado físico normal), 60% dos nutrientes contidos no produto, no mínimo, da quota diária recomendada para adultos. Porém, é permitida a adição de até 100% a mais de vitaminas no alimento industrializado, exceto da vitamina D, para compensar as perdas eventuais decorrentes do tempo de prateleira.

"Por isso, é fundamental observar as informações como teor de carboidratos, de sódio e de gordura. E ainda checar se possui quantidade pequena ou é isento de gordura trans", ensina Raquel Maia Chaves. "Quanto mais gorduras, açúcares e corantes, mais comprometida fica a qualidade nutricional do alimento", completa Márcia Regina Del Grandi, nutricionista, da NutriEstética, de São Paulo.

A médica Valéria Goulart lembra também que muitos rótulos vêm com dizeres bastante atraentes: achocolatado com Actigen-E, leite com Prebio 1+, queijinho com Maxi-D, com Pantotenato de Cálcio, biscoito com Niacina. "O consumidor, com certeza, fica na dúvida sobre o que significam esses aditivos, mas pensa: 'devem ser bons'. O mesmo ocorre quando é adicionada a palavra 'plus'. Às vezes, a impressão é de que não se está comprando um alimento e, sim, um poderoso medicamento", alerta Valéria.

OS MAIS MAIOS MAIS MAIS
Estes produtos foram eleitos pelos especialistas porque cumprem a finalidade para a qual estão destinados e, paralelamente, ajudam na alimentação saudável e natural:
1) Leite enriquecido com ferro, cálcio ou vitaminas.
2) Achocolatado fortificado.
3) Pão enriquecido com fibras (inclusive, já existe pão francês rico em fibras).
4) Iogurte com prebióticos (microrganismos que melhoram o funcionamento do intestino).
5) Água com adição de fibras.
6) Margarina enriquecida com vitaminas, mas isenta de gordura trans

UM SÓ É INSUFICIENTE?
Não basta dizer que os alimentos industrializados são enriquecidos. Você deve saber em que quantidade o produto deve ser consumido, para que esses nutrientes realmente provoquem efeitos positivos sobre sua saúde. "A ingestão de apenas uma unidade de bolacha, por exemplo, tem impacto zero", avalia a especialista da NutriEstética. Explicando: em alguns casos, seria preciso comer mais de um pacote inteiro para que o organismo se beneficiasse um pouco dos nutrientes especificados em sua embalagem - o que não é recomendado, porque o alto índice de gorduras e açúcares favorece o aumento de peso e o desenvolvimento de doen ças. "Apesar de representar um grande avanço na área nutricional, os alimentos enriquecidos não são milagrosos. Para atingir a meta do consumo recomendado de fibras, cerca de 25 gramas por dia, seria preciso ingerir, aproximadamente, 1 quilo de pão enriquecido com fibras", comenta a nutricionista da Sprim Brasil.

Outro ponto levantado por uma pesquisa realizada na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostrou que algumas vitaminas, como a A e a E, podem ser "perdidas" em alimentos como leite desnatado e farinha de arroz, quando enriquecidos com ferro simultaneamente. O motivo? A interação entre vitaminas e mineral e o tempo de armazenagem desses produtos anulam o efeito da vitamina. Segundo a pesquisadora Lucilene Soares Miranda, os minerais são estáveis enquanto as vitaminas, instáveis. Por isso, a prática de enriquecimento, bastante difundida hoje em dia, não deve servir para tudo, pois determinados nutrientes acabam sofrendo interação negativa durante a vida na prateleira.

COMPLEMENTOS, NÃO SUBSTITUTOS
Por mais que essas novidades encham os nossos olhos, é bom que o consumidor não dispense, e jamais substitua, os alimentos naturais - esses, sim, com vitaminas, sais minerais e fibras em quantidade e qualidade ideais - por produtos industrializados.

"É certo que os alimentos fortificados são melhores do que os neutros. Mas a fonte ideal de nutrientes ainda é a natural", alerta a nutricionista Maria Pia Costa, nutricionista da Nutriessencial Consultoria Nutricional.

Os alimentos enriquecidos devem ser vistos como complementos para uma alimentação equilibrada. "É o caso das crianças que, mesmo tendo uma dieta rica em nutrientes, consomem muito menos componentes essenciais para o seu crescimento do que precisam. A quantidade indicada de cálcio para os pequenos, por exemplo, é de 800 mg por dia. Estudos mostram que, fora os bebês que recebem leite em grandes quantidades, ninguém chega nem à metade disso só com a alimentação normal. Vitaminas também ficam aquém do necessário. E uma recente pesquisa realizada no Canadá apontou que apenas uma, em cada cinco crianças, ingere o mínimo recomendado de frutas e vegetais, que são fontes naturais de vitaminas. "Sob esse aspecto, os produtos enriquecidos são positivos", atesta Gabriella Pereira.

Como os vitaminados e enriquecidos são complementos de uma dieta balanceada, o consumo ideal é de duas ou três vezes por semana. "A chave do sucesso está no equilíbrio", completa Márcia Regina.

QUEM DEVE CONSUMIR

Atualmente, as indústrias que investem em alimentos enriquecidos estão de olho em públicos específi- cos: crianças, adolescentes, mulheres e pessoas com mais de 60 anos. A variedade de produtos existentes para esses grupos-alvos é grande: leites, farinhas, achocolatados, iogurtes, sobremesas lácteas, sucos em pó, pães, gelatinas, margarinas.

Diante de tantas opções, o que deve ser levado em consideração na hora da compra, no entanto, são as necessidades reais de quem irá consumir.

"Os 'enriquecidos' precisam ser ingeridos, quando houver algum tipo de deficiência nutricional. Ou seja, se a pessoa possui uma carência de cálcio deve dar preferência aos produtos enriquecidos com este nutriente", afirma Raquel Maia Chaves.

Os especialistas, entretanto, dizem que esse 'plus' deve ser bem dosado e recomendam que a dieta seja supervisionada por um especialista. Isso porque muita gente consome produtos com nutrientes que não precisam, o que leva à suplementa ção desnecessária. "A adição de fer ro, nutriente essencial para o desenvolvimento infantil, na farinha de milho, surgiu porque haviam muitos casos de crianças com anemia. Porém, um adulto saudável não precisa desse ferro", explica Márcia Regina. "O consumo de alimentos enriquecidos de maneira inadequada é preocupante. Principalmente porque alguns nutrientes podem se acumular no organismo e, assim, causar problemas", explica a nutricionista Gabriella Guerrero Pereira.